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Eu tenho um cobertor

    Eu tenho um cobertor Que toca em minha pele com o toque da mais pura seda. Quando estou feliz, me cubro com meu cobertor, encosto a cabeça em meu travesseiro e sinto a brisa do amor. Nas noites de solidão, nas noites de dor Eu tenho um cobertor Quando estou preocupada e me deito com insonia, eu tenho um cobertor Que cobre o meu corpo e me acaricia com um toque macio do veludo e me lembra que o sono é preciso para no outro dia estarmos em ´pé, cheios de vigor. Quando estou em momentos de poesia, puxo o meu cobertor e ele   me lembra que é preciso poesia nesta vida porque ela nos faz quentes e belos. Quando estou em momentos de total incompreensão de palavras ditas a mim , ou de palavras que eu mesmo proferi, tenho um cobertor que me traz a brisa do vento e me descobre , porque estou cheia de calor. Quando eu sinto saudades, tenho um cobertor que me sussurra que está sempre a me cobrir, mesmo que eu esteja numa noite escura sentindo que estou na cilada do viver
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O que é ser bonito

    Escutei num áudio uma mocinha dizendo o que era um moço bonito “Ah! Se for bonito eu dou mole Se for mais ou menos eu olho pra trás e saio andando Um loirinho magrelo Um moreninho bem disnutrido Dói meu coração Eu gosto dos “disnutridos”.   Mocinha, Estou lhe dando uma resposta nesta minha canção Porque vi tanta firmeza em sua declaração Bonita é você mocinha, mocinha, que é como um    povo que olha prá trás e sai andando quando não aceita o que não quer. Bonita é você, mocinha ,   que quando tem um magrelo ou um desnutrido em sua frente, sabe   querê-lo,   e não lhe dá as costas, poque você sabe muito bem o que quer Bonita é você, mocinha ,que   é tão   firme naquilo que você quer e traça suas escolhas. Te escutar, dói meu coração De tanta beleza. A sua fala dá samba, mocinha! A sua fala é pura poesia!

Amanhecer do dia

    Amanheci hoje e olhei para você. Te vi num vestido branco enfeitado com greeper Com um sorriso nos lábios e o olhar de ternura pousado em mim. Amanheci hoje e te vi com um raio de sol refletindo em seus longos cabelos castanhos Amanheci hoje e te vi com o frescor da pele macia e aveludada com o perfume de um pêssego maduro e os meus lábios nela esquecidos Te vi de mãos dadas comigo, pronta para enfrentarmos juntos o futuro. Amanheço hoje e olho para você Te vejo com um vestido comportado sentada   ao meu lado. Com um sorriso nos lábios e o mesmo olhar de ternura pousado em mim. Amanheço hoje e te vejo com um raio de sol refletindo em seus cabelos grisalhos como a prata, enrolados em um coque na cabeça. Amanheço   hoje e te vejo com a pele, dá-me a licença poética sr. Mário Quintana, com a pele enrugadinha como uma uva passa, prontinha para eu beijar docemente Hoje, Te tenho de mãos dadas comigo, na nossa velhice com o mesmo amor e a mesma ternura de nossos

Pão, Pão

    Eu nasci em sítio aqui no interior de São Paulo e na época era costume muitas famílias terem uma penca de filhos. Pois é, a minha era assim. Nem precisávamos de amigas, porque já éramos um bando de meninas em casa. A distância de nossas idades era de um ano e meio a dois anos. Hoje penso que meus pais deviam ser muito bem resolvidos. Criavam os filhos na mais absoluta tranquilidade e a cada um que vinha era recebido com o mesmo amor que o anterior. Minha mãe fazia de tudo. Trabalhava na roça, no fogão, costurava, tirava leite das vacas e sei lá de quantas coisas a mais dava conta. Minha irmã logo acima de mim era muito vaidosa. Não uma vaidade prejudicial, mas essa vaidade que entre um cabelo curtinho cortado por minha mãe, ela os preferia longos.  Era um domingo e minha mãe aproveitou para cortar nossos cabelos. O corte que ela fazia era sempre o mesmo. Parecia que colocava uma tigelinha em nossas cabeças e tascava a tesoura. O corte ficava parecendo que um ratinho tin

Falo do ato de comer ou da angústia de não saber o momento seguinte?

  Trabalhei muitos anos em escola e horário de almoço sempre fui duvidoso. Eu encostava a porta, punha o prato na minha frente, pegava o garfo e começava a almoçar. A questão é que usualmente tinha aluno, pai ou professor   para atender. Batiam à porta, abriam só um pedacinho dela e diziam inocentemente: Sei que está almoçando, mas é só um minutinho.   Eu tentava dar mais uma garfada enquanto escutava o que tinham a me dizer. Inútil. Largava o garfo e pronto, lá se fora o almoço. Com isso tudo, peguei o hábito de engolir a comida, porque tinha sempre a impressão de que havia alguém abrindo a porta de fininho. Impressão que se cumpria! Final de semana eu e ele passávamos sempre juntos e na hora do almoço eu punha a mesa o mais caprichado possível, sentava-me e bate pronto, comia tudo de uma vez. Ele ia comendo devagar, me olhava e dizia: -Você não pode comer tão rápido. Tem três coisas, a primeira é que comer é um ato de prazer, a segunda coisa é que faz mal e a terceira é q

Diálogo com Riobaldo

Diálogo com Riobaldo Meu amigo, agora que você acabou a sua narrativa, eu queria lhe pedir um favor, escute o que eu tenho a lhe falar. Ficarei muito agradecida com a sua atenção. Fiquei um bom tempo te ouvindo e lhe garanto, garanto mesmo, riobaldo, que tenho a certeza de quem sempre te conheci e com você sempre me identifiquei e me identifico, homem moderno de nossos tempos. Eu, Riobaldo, eu sou aquela que ainda hoje, como você,   vê Diadorim embaixo de um arco-íris. Olhe aqui, no fundo de meus olhos   e me responda, você tem esse sentimento de que a vida passa num segundo? Você tem consciência de que não viramos semente? Ah, isso é uma agonia para mim, riobaldo! Não precisa falar nada, olhando para você já entendi tudo. Chorei e chorei muito quando você me contou o seu amor por   Diadorim. Chorei como se tivesse sentido que tudo aconteceu com alguém que tivesse pegado em mim,   alguém que eu sempre recebi com zelo em minha casa, alguém que eu sempre quis agradar com um caf

História de guerra V

      Fim da guerra, aqui Este texto escrevi em memória de uma tia que se casou no ano do fim da segunda guerra e que ganhou um rádio verde do marido como presente de casamento. Segundo ela, os sinos tocaram no momento em que o rádio anunciou o fim da guerra. Ela ainda estava deitada na cama. Olhou pra ele ao seu lado. Como o amava e parece que hoje o amava ainda mais. Fixou seu olhar no semblante adormecido dele, parecia tão sereno. Parecia-lhe um sonho ter se casado em fevereiro daquele ano, 1945. Colocou a mão suavemente em seu rosto para acordá-lo, sorriu-lhe. O sol inundava as frestas da janela e teimosamente insistia em entrar no quarto. Ela abriu a janela e se sentiu tão feliz em seu casamento recente. Ela fez o café, sentaram-se à mesa , falaram futilidades e ele foi para a oficina. Ela ficou toda a manhã entretida no quintal com as galinhas, as rosas, o seu pé de gardênia branca. Quando entrou em casa, olhou a data, 02 de setembro. Contou os dias que faltavam p